Os portugueses, muito religiosos, sempre que tomavam posse de alguma nova terra erigiam sempre uma ermida ou capela em honra do santo de sua devoção e assim foi, aqui em Jacarepaguá.
Uma das mais antigas, antes mesmo da fundação da Capela Curada Nossa Senhora de Loreto, está a de Nossa Senhora da Cabeça, hoje situada no entroncamento da Avenida Alvorada e Tenente Muniz Aragão ( entre 1616-1626); Nossa Senhora dos Remédios – Fazenda da Taquara (1616); capela de São Gonçalo do Amarante, chamada de Capela do Camorim (1625); Nossa Senhora da Conceição ( 1600 e tantos), na região da Praça Seca.
No penhasco, ao lado da Igreja de Nossa Senhora de Loreto, podemos avistar a Igreja de Nossa Senhora da Pena, que segundo a tradição popular, foi construída (final do século XVII) por um ermitão devoto de Nossa Senhora, mais tarde reconstruída e ampliada por iniciativa do Padre Manoel de Araujo.
Diz o pesquisador: “Em Jacarepaguá, no topo de íngreme penhasco, ergue-se o mais famoso templo dedicado a Nossa Senhora da Pena, em nosso país. A vista que de lá se descortina é uma das mais lindas do Estado do Rio de Janeiro. Tudo ali fala de Deus: a grandiosidade da natureza, a extensão do céu azul e a capelinha em honra de Maria Santíssima. Contam que, no final do século XVII, um ermitão com espírito de fé mas também com a alma de artista escolheu aquele lugar para erguer uma ermida a Nossa Senhora. Posteriormente ela foi reconstruída e ampliada por iniciativa do padre Manuel de Araújo.
Graças à sua situação em local de difícil acesso, a igreja da Pena escapou à sanha dos reformadores, conservando o seu aspecto primitivo. Ela possui ao redor das paredes internas antigos azulejos representando a vida de Maria e seu teto é inteiramente decorado com bonitas pinturas. A imagem da Virgem que está sobre o altar-mor é de puro barroco, sendo de ouro a pena que aparece em sua mão direita.
O templo de Nossa Senhora da Pena é um dos poucos que conservam promessas e ex-votos em pequenas tabuletas, nas quais estão relatados os milagres. Dizia Frei Agostinho de Santa Maria que "as paredes daquela casa estão dando testemunho de suas muitas maravilhas nas diversas memórias que se vêm pender, como são: mortalhas, quadros e muitos sinais de cera".
Estas palavras, escritas há mais de dois séculos, são admiradas como atuais quanto às demonstrações de gratidão por parte dos fiéis para com a Padroeira das Artes e das Letras, que são as mais belas manifestações da inteligência humana, criadas pelo homem para encantar as criaturas e perpetuar a glória de Deus.
Iconografia:
Nossa Senhora, de pé, veste uma túnica decotada e presa a cintura por um cordão, tendo sobre ela um manto decorado a ouro, que lhe envolve o corpo. Sentado em seu braço esquerdo, mas de costas para a sua Mãe, o Menino Jesus está com a cabeça virada de lado, olhando para uma pena de ave que Maria segura com a mão direita. A Virgem não usa véu e sobre seus longos cabelos caídos nos ombros está colocada uma coroa de prata alta na frente e diminuindo para trás, igual à de seu Divino Filho".
Versão da Irmandade de Nossa Senhora da Pena. (cópia do texto existente, em quadro afixado, na parte posterior da porta lateral esquerda de quem olha o Templo).
"A Igreja de Nossa Senhora da Pena é uma das mais antigas do Rio.
Quem aqui vem, além de conseguir uma graça, se deslumbra com o panorama de Jacarepaguá, que se descortina de 170m de altura, circundada pelos maciços da Tijuca, da Gavea e pelas serranias de Guaratiba; vê o Oceano de longe e a mais variada paisagem de um bairro que vive e floresce sob a proteção da Virgem.
Nossa Senhora da Pena aqui está desde 8 de setembro de 1661, quando um negrinho escravo perdeu uma vaca de seu Senhor e pelo mesmo fora ameaçado de uma surra se não a encontrasse.
Na sua aflição pediu proteção à Virgem. Qual não foi sua surpresa, ao olhar esta colina, viu Nossa Senhora apontando onde se encontrava a rés. Milagre presenciado pelo Fazendeiro que, em reconhecimento, mandou construir aqui uma Ermida e alforriou o escravo que foi o primeiro registro de alforria no Brasil Colônia.
Em 1664 o Padre Manoel de Araújo fez levantar esta Igreja, edificação afortalezada, de paredes espessas e abuso no travejamento de madeira de lei ante a ameaça da pirataria e temendo as flechas dos índios.
Casa para rezar e defender cristãos.
Hoje, depois de algumas reformas, a Igreja ainda é o que era e foi tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional.
Suas paredes, diz Frei Agostinho: - estilo dando teste-munho de suas maravilhas, nas muitas memórias que se vêm pender como sâb mortalhas, quadros e muitos sinais de cera.
A cada milagre de Nossa Senhora, a cada graça atendida, fica na parede uma lembrança. E aqui estão a mortalha de um que voltou à vida, as muletas de outro que antes aleijado, pernas, barrigas, braços, cabeças de cera de gente que foi doente e depois ficou curada; e tranças de cabelos, fotografias, cartas, um sapatinho de criança e tudo quanto as pessoas que pediram coisa àá Virgem e foram atendidas.
Em um nicho há o crânio de José Rodrigues de Aragão, pessoa piedosa, que tendo conseguido uma graça fez doação à Igreja de uma grande área de terreno, em torno da Ermida, no ano de 1771.
Nossa Senhora da Pena além de tantos milagres, compro-vadamente atestados, fez outro de grande repercussão. Quando a Igreja andava em obras em 1770, a água era trazida para cima com muito sacrifício. Um escravo velho, cansado, pediu ajuda a Nossa Senhora da Pena e correu água da pedra, água que está correndo até hoje, à qual o povo denominou Fonte de Água Milagrosa.
A Igreja é administrada pela Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Pena, constituída a Mesa Administrativa composta dos Irmãos Juiz, Secretário, Tesoureiro, Procurador e Onze Mesários.
A Irmandade fará todos anos, impreterivelmente, no dia 8 de setembro, a sua festa máxima que se revestirá de toda pompa e solenidade. Nos domingos subsequentes serão continuados os festejos de maneira que todo o mês seja dedicado ao culto de Nossa Senhora da Pena, eleita Protetora das Artes e das Ciências e Imprensa. A Irmandade fará celebrar, também, em todos os primeiros domingos de cada mês, Missa Compromissal, às 10 horas.

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